Direito de Família na Mídia
Psiquiatra causa polêmica ao chamar homossexualismo de patologia
21/06/2005 Fonte: Folha On Line - SP em 22/06/05da France Presse, em Madri
Um psiquiatra espanhol afirmou ao Senado de seu país que o homossexualismo é uma patologia, causando uma polêmica enorme entre organizações de gays e lésbicas e, até, na classe política espanhola, sobretudo na direita.
A frase "o homossexualismo é uma patologia", foi dita nesta segunda-feira por Aquilino Polaino, professor de psicopatologia das universidades de Madri e da Católica San Pablo, durante sua participação em uma sessão do Senado em que os parlamentares discutiam a respeito da aprovação de uma lei, já aprovada pela Câmara, que permite o casamento entre casais gays, assim como a adoção de crianças por esses casais.
De acordo com o professor Polaino, uma pessoa homossexual tem perfil psicopatológico, e caracteriza os gays como "pais hostis, distantes e alcoólatras". Às lésbicas, ele reserva análise não menos pesada: são mães frias e superprotetoras, e apresentam predisposição a depressões e dependência de drogas".
As declarações levantaram uma onda de protestos e duras críticas das associações de gays e lésbicas. "É [o professor] um intolerante e deseja nos aplicar eletrochoques", disse o presidente da Fundação Triângulo, que luta pela igualdade de gays e lésbicas.
O PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), que impulsionou a aprovação do projeto de lei --que provavelmente será aprovado pelos deputados de forma definitiva até o dia 30 deste mês--, afirmou que as "teses" de Polaino sobre os homossexuais são "grotescas, ultraconservadoras e contra o progresso".
Mas as críticas mais duras partiram da direita espanhola que, apesar de liderar um grande movimento contra a aprovação do casamento gay, não quer ser acusada de homofóbica.
Porta-vozes do PP (Partido Popular, de direita) no Senado e no Congresso expressaram seu repúdio às palavras do professor, por considerá-las de uma "época ultrapassada". Fizeram coro ao PP o pr efeito de Madri, Alberto Ruiz Gallardón, e a ministra espanhola da Saúde, Ana Pastor.
"Não compartilho dessa opinião, muito pelo contrário", disse a ministra da Saúde, seguida do prefeito, que afirmou discordar totalmente das declarações feitas por Polaino.
O Colégio Oficial dos Psicólogos de Madri debateu as afirmações de Polaino afirmando que a Associação Americana de psicologia retirou, em 1973, o homossexualismo de seu manual de diagnósticos e se nega a utilizar legislações que possam ser aplicadas contra gays e lésbicas.
A Federação de Lésbicas, Gays e Transexuais da Espanha pediu aos legisladores madrilenos que expulsem Polaino, acusando-o de "negligência profissional".
Esta polêmica ocorre três dias depois de milhares de pessoas, entre elas vários bispos, convocadas pelo Fórum Espanhol da Família (FEF), com o apoio declarado da Conferência Episcopal da Espanha (CEE), realizarem manifestação contra o casamento gay, alegando que o único casamento pos sível é aquele que se realiza entre um homem e uma mulher.
Os bispos espanhóis se converteram nos mais ferozes críticos da iniciativa socialista de legalizar a união entre pessoas do mesmo sexo.
No último ano, os bispos emitiram ao menos quatro documentos contra o casamento gay, chamando tal união de "vírus e moeda falsa", e acusando o governo socialista de "corromper o matrimônio".
A organização de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional (AI) advertiu nesta terça-feira que de "maneira nenhuma a iniciativa legal [do casamento gay] infringe a liberdade religiosa da confissão" e encorajou o governo espanhol a lançar uma mensagem clara a esse respeito.
A Espanha, país onde vivem cerca de 4 milhões de homossexuais, de acordo com associações de gays e lésbicas, converteu-se no terceiro país da Europa, depois de Holanda e Bélgica, a legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo.